Como tirar proveito das pesquisas tecnológicas

5 de maio de 2021 - 16:32

Autoria da gerente de inovação Bruna Andrade e da coordenadora de inovação Silvanira de Oliveira, do Nutec.

Inspiradas no evento promovido pelo Projeto Conexão Secitece, intitulado “Como tirar proveito das pesquisas tecnológicas”, decidimos elaborar este artigo de opinião por consideramos o tema de suma relevância para o contexto atual.

Geralmente, ouvimos como é importante conhecer os concorrentes, ou mapear os pontos fortes e fracos para assim se diferenciar no mercado. E de fato, isso é muito importante para manter um diferencial competitivo nas empresas, mas queremos destacar a prospecção tecnológica como estratégia essencial para o monitoramento das tendências de tecnologias em cada área e assim garantir a inovação no mercado.

Por meio da prospecção tecnológica mapeamos as tendências de pesquisa e verificamos a maturidade de cada tecnologia. Os estudos prospectivos fundamentam escolhas com base nas informações presentes para tomada de decisões futuras, assim, delineia-se possíveis cenários de cada área tecnológica. Desta forma, cada empresa ou universidade pode lançar-se à frente e garantir competitividade.

Destacamos a utilização dos bancos de patentes e os processos de buscas de anterioridade para identificar e analisar dados da área de cada tecnologia, bem como lacunas onde ainda existam problemas sem soluções para que obtenhamos uma pesquisa mais direcionada para obtenção de uma tecnologia com maior probabilidade de novidade e, portanto, passível de proteção intelectual e com maior necessidade de mercado. Com isso, as chances de produzir algo novo com vistas a tornar uma invenção em inovação serão aumentadas.

Como benefícios da prospecção tecnológica podemos citar os seguintes pontos: identificação de oportunidades, padrões e ameaças; avaliação de forma objetiva sobre a posição competitiva atual e futura da empresa; redução de incertezas nas tomadas de decisão; antecipação das grandes mudanças estruturais da indústria e ganho de vantagem competitiva pela redução do tempo de reação.

Também gostaríamos de destacar a importância das empresas mudarem seus mindsets para a necessidade da inovação aberta, ampliando seu olhar a fim de permitir a geração de valor por meio do compartilhamento de conhecimento com outras organizações utilizando as possibilidades de interdisciplinaridade e múltiplos conhecimentos, aumentando a possibilidade de estimular a criatividade e diferenciação na resolução de problemas.

Outro grande desafio é promover a integração entre Instituições de Ciência e Tecnologia- ICT´s com as empresas. Nesta missão, as Agências de Inovação, os NIT´s e os centros de empreendedorismo são essenciais.

Somando-se a estas organizações devemos cada vez mais nos apropriar das facilidades promovidas pela Lei de Inovação (Lei nº 13.243, de 11 de janeiro de 2016), a qual dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e à inovação e tem como finalidade simplificar a relação entre empresas e instituições de pesquisa.

Entre estas facilidades podemos citar: Permissão para as ICT´s compartilharem o uso de seus laboratórios e equipes com empresas para fins de pesquisa (desde que isso não interfira ou conflite com as atividades de pesquisa e ensino da própria instituição) e dispensa na obrigatoriedade de licitação para compra ou contratação de produtos para fins de pesquisa e desenvolvimento.

Outro destaque que deve ser dado para estimular o maior proveito de pesquisas tecnológicas, ainda que os resultados sejam em longo prazo, é para a importância e necessidade de formarmos alunos com pensamento empreendedor tanto nas escolas como nas universidades para que possam fazer pesquisa com um olhar voltado para o mercado, visando solucionar problemas da sociedade e das organizações.

Desta forma, somando a realização da prospecção tecnológica tanto em empresas como nas ICT´s, o compartilhamento de pesquisa e soluções tecnológicas por meio da inovação aberta, bem como aproveitamento das facilidades promovidas pela Lei de Inovação e a educação empreendedora nas escolas e universidades, poderemos ter resultados positivos quanto a transformar nossas pesquisas em negócios ou produtos e serviços comercializáveis.

Cabe destacar que os processos inovadores expressos em novos produtos, métodos e patentes têm relação direta com o desenvolvimento econômico, com a geração de emprego e renda e com o aumento da competitividade.

Assim, apesar de existir um longo caminho a ser percorrido, seguiremos na direção correta por meio de um processo contínuo a fim de obter avanços que promovam maior sintonia de ações entre governo, academia e setor privado vislumbrando maior proveito das pesquisas tecnológicas.