Nutec avança em pesquisas para o desenvolvimento de embalagens biodegradáveis
1 de novembro de 2023 - 15:59 ##Sustentabilidade #Embalagens biodegradáveis
O Núcleo de Tecnologia e Qualidade Industrial do Ceará (Nutec), autarquia vinculada à Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece), cuja missão é realizar ações em prol do desenvolvimento sustentável da sociedade, desempenha um papel crucial na promoção de embalagens sustentáveis para o setor alimentício no Brasil.
Por meio de pesquisas e serviços especializados e transversais na área de Alimentos, a instituição se une a universidades, Centros de Pesquisa e outras Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) para contribuir com o desenvolvimento e popularização de embalagens biodegradáveis, com o intuito de minimizar os danos causados pelos resíduos plásticos da indústria alimentícia.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o mundo produz cerca de 430 milhões de toneladas de plástico anualmente, e apenas 9% se destina à reciclagem. “No ritmo atual, a produção deve triplicar até 2060”, diz a publicação. Dados do Ministério do Meio Ambiente revelam que, no Brasil, mais de 11 milhões de toneladas do material são gerados todos os anos, e 40% desse total é descartado logo após o consumo, são os chamados “plásticos de vida efêmera”, comuns em produtos na área de alimentos.
As embalagens biodegradáveis, ou seja, aquelas que se decompõem de forma espontânea na natureza, embora promissoras e “amigas” do meio ambiente, enfrentam um desafio para sua popularização: a regulamentação, principalmente quando utilizadas para acondicionar alimentos.
“Além de ser sustentável, o material precisa ser seguro e não oferecer riscos ao consumidor. Este é o nosso compromisso: aprimorar análises laboratoriais e traçar estratégias para adequar o produto às normas de segurança”, afirma a Dra. Mayra Garcia, pesquisadora responsável pelas ações do Nutec no segmento de embalagens.
Regulamentação de embalagens biodegradáveis
Para que uma embalagem biodegradável seja introduzida no mercado, é necessário passar por uma série de ensaios laboratoriais para garantir sua viabilidade, segurança e conformidade com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e órgãos reguladores, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
No Nutec, são realizados testes de migração, que avaliam se há liberação substâncias prejudiciais para o alimento; análises microbiológicas, que mensuram se a embalagem propicia o crescimento de fungos, bactérias ou outros agentes patogênicos e testes físicos de resistência e maleabilidade do material.
Parceria público-privada
Recentemente, o Nutec analisou as embalagens da OKA Biotecnologia, empresa inspirada pela pesquisa do Centro de Raízes e Amidos Tropicais da Unesp de Botucatu (SP), que produz embalagens biodegradáveis e comestíveis a partir da mandioca. Os testes confirmaram a segurança e adequabilidade da biomassa para acondicionar alimentos.
Pesquisa e difusão de conhecimento
A equipe de Microbiologia de Alimentos e Água do Nutec apresentou pesquisas no 32° Congresso Brasileiro de Microbiologia – evento organizado pela Sociedade Brasileira de Microbiologia (SBM) em Foz do Iguaçu (PR), de 12 a 22 de outubro. Dois, dos cinco estudos apresentados pelo grupo, são resultado da caracterização de embalagens biodegradáveis.
A pesquisa “Estudo da qualidade microbiológica e físico-química de embalagem comestível à base de mandioca” objetivou realizar avaliações microbiológicas e de migração total em 5 amostras de embalagens comestíveis da OKA Biotecnologia. As análises demonstram adequabilidade aos padrões de higiene e segurança de alimentos, tanto do ponto de vista microbiológico quanto da migração dos componentes da embalagem que entram em contato com os alimentos.
Já o estudo “Migração total e swab de superfície de embalagens biodegradáveis para alimentos” analisou embalagens feitas a partir de palha de trigo e fibra de bambu. Os ensaios indicaram ausência de crescimento microbiano para todos os microrganismos pesquisados, demonstrando adequabilidade aos padrões de higiene e segurança.

Ticiane Coelho e Raquel Araújo
Leia os artigos:
Estudo da qualidade microbiológica e físico-química de embalagem comestível a base de mandioca
Migração total e swab de superfície de embalagens biodegradáveis para alimentos
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